
O Recife sempre teve uma história
libertária e rebelde, características que fazem a cidade ter estado na
vanguarda da política brasileira desde seu inicio. Da revolução praieira à
expulsão dos holandeses, de Frei Caneca a Dom Hélder, nossa capital sempre demonstrou
a coragem de dizer não às oligarquias, de lutar e de fazer a mudança acontecer.
Sem medo, o Recife encarou as mudanças
democráticas que aumentaram a participação popular nas decisões da cidade,
trazidas nos anos 60 pelo prefeito Miguel Arraes. Décadas depois, num momento
onde a cidade vivia uma crise de autoestima, parecida com a que vemos nos dias
de hoje, o prefeito Jarbas fez uma verdadeira revolução comportamental na
cidade, elevando o orgulho de ser recifense. Era o Recife Alto Astral.
Prefeito mais bem avaliado do Brasil,
Jarbas governou a cidade duas vezes e elegeu seu sucessor, Roberto Magalhães,
homem sério, competente e de conduta ética incontestável.
Mas, como conta sua história, o Recife
não se contentou. Mesmo avaliando bem a gestão do Dr. Roberto, o povo queria
mudança. Apostando na onda vermelha que faria Lula chegar ao poder, os
recifenses fizeram valer sua vontade de ousar e deram ao seu partido o governo
do Recife. Naquele momento, há doze anos, não há como negar que a mudança
oxigenou nossa política, trouxe novos quadros e afastou outros. A renovação,
que faz parte da própria democracia, aconteceu. Era a vontade popular.
Agora, após mais de uma década, o
cenário é outro. O que um dia foi mudança, quando colocado à frente do espelho,
não tem mais a mesma imagem. O que já disseram ser um projeto político, hoje
não passa de um projeto de poder.
Faz quatro anos que todos viram uma
sucessão no Recife construída num processo personalista, que falava em nomes e não
em ideias. Que buscava manter o controle do que é publico como se fosse
privado. O resultado esta aí. Traição.
Hoje, após um traição não explicada,
mais uma vez assistimos passar na nossa frente a preparação de um processo
eleitoral recheado de conjunturas personalistas, de nomes sendo colocados e
tirados do debate, sem qualquer critério que indique o interesse na melhor
proposta para nosso povo.
O PT do Recife não debate mais um
projeto de cidade, só fala em como manter o poder, e pior, para quem esse poder
fica. Depois de 12 anos, criou-se uma nova oligarquia recifense que toma e usa
o poder público como objeto particular.
O que vemos hoje na Prefeitura é um
absurdo de cerca de quatro mil cargos comissionados criados para apadrinhar
companheiros. O quadro técnico necessário para gerir os problemas complexos de
toda grande cidade, não tem espaço, é colocado em segundo plano. Transformaram
o Recife num grande sindicato de companheiros que não se entendem, mas também
não largam o osso. Uma pena.
O trânsito caótico, as péssimas
escolas, o crescimento desordenado, a falta de carinho e cuidado com a cidade
não surpreende. Toda a capacidade de planejamento foi usada para o embate
político. Esqueceram de planejar o Recife do futuro enquanto arquitetavam um
projeto de poder.
Basta! O Recife de Frei Caneca, de Dom
Hélder, de Arraes, de Jarbas, de dona Maria e de seu José não aguenta mais. Ninguém
mais aceita ser massa de manobra dessa oligarquia que já se vai. Vai porque
nosso povo não mudou. Na mais vanguardista das capitais brasileiras já se
escuta nas ruas e esquinas o vento soprando trazendo o novo e a esperança de um
basta que simboliza mais uma revolução. Queiram ou não, a cidade pertence ao
seu povo.
Feliz 2012, Recife.
Daniel Coelho
Deputado estadual
Muito boa a análise histórica, agora o fracasso da atual gestão não justifica voltar a velha política de sempre.
ResponderExcluirNão há transformação nenhuma em combater uma oligarquia com outra oligarquia!
Um outro mundo é possível!
César Ramos
As antigas oligarquias representadas por Marco Maciel e o "homem sério" que Daniel Coelho falou que é o ex-governador Roberto Magalhães, pessoas que estão ao seu lado e nada fizeram pela cidade do Recife. Depois veio o PT e também se transformou numa nova oligarquia, tanto é que estão há 12 anos no poder. E quais são os nomes para substituir o PT ? as mesmas figurinhas de sempre. Filhotes da ditadura e descendentes da casa grande.
ResponderExcluirDaniel Colhe é um menino inteligente, mas as vezes se perde, nasceu em berço de ouro e em uma oligarquia chamada João Coelho seu pai magnata.
ResponderExcluirEspero que ele repense sua atitude, saindo do discurso utópico, para a pratica.
Fernando G. Silva