Leiam o discurso quando da apresentação do governo de projetos para uma plateia de autoridades. Uma criança começou a responder.

Cidadão

Zé Geraldo

Tá vendo aquele edifício moço?

Resposta do menino: Que edifício moço? Onde? O Centro Administrativo que o Sr. Prometeu? Não existe. 

Ajudei a levantar

Resposta do menino do Jaboatão: O senhor é forte, também não tem Edifício.

Foi um tempo de aflição
Eram quatro condução
Duas pra ir, duas pra voltar

Resposta do menino do Jaboatão: Não vem com esta, você tem motorista, não paga gasolina e nunca andou de ônibus.

Hoje depois dele pronto
Olho pra cima e fico tonto

Resposta do menino do Jaboatão: Nunca ficou pronto, o cinema por exemplo ainda está fechado. Brincadeira....

Mas me chega um cidadão
E me diz desconfiado, tu tá aí admirado
Ou tá querendo roubar?

Resposta do menino do Jaboatão: É verdade, meu pai foi até as ruas e neste momento foi chamado de rato.

Meu domingo tá perdido
Vou pra casa entristecido
Dá vontade de beber

Resposta do menino do Jaboatão: Mais uma verdade, meu pai até hoje bebe, chega triste todos os dias, e mesmo assim, não vejo a minha escola.

E pra aumentar o meu tédio
Eu nem posso olhar pro prédio
Que eu ajudei a fazer.

Resposta do menino do Jaboatão: Meu pai está desempregado, acha que está vendo um prédio e diz ainda que ajudou a fazer. Queria até leva-lo para o Hospital do Jaboatão que ele diz que também ajudou a fazer, mais acho que vou leva-lo para o psiquiatra mesmo.

“Tá vendo aquele colégio moço?

Resposta do menino do Jaboatão: Que colégio moço? Onde? 

Eu também trabalhei lá
Lá eu quase me arrebento
Pus a massa fiz cimento
Ajudei a rebocar

Resposta do menino do Jaboatão: O senhor não diz a verdade, também não tem escola, não cimento, não tem iluminação pública e meu pai está desempregado e não ajudou a levantar nada, a não ser na época da eleição que ficou levantando uma bandeira amarela.

“Minha filha inocente
Vem pra mim toda contente
Pai vou me matricular”

Resposta do menino do Jaboatão: Sr. Eu nunca disse isso a meu pai, eu não sou burro, sei que não tem escola construída e nunca fiquei contente como o Sr diz. Até queria, mais não consigo.

Mas me diz um cidadão
Criança de pé no chão
Aqui não pode estudar

Resposta do menino do Jaboatão: É, escuto isso todos os dias, quando passo em frente das escolas particulares do Jaboatão. Aí sim eu fico triste. Acho que aquelas crianças, inclusive seus netos que não estudam-nas escolas públicas do Jaboatão tem direito, eu também tenho, mesmo que seja na pública.

Esta dor doeu mais forte
Por que que eu deixei o norte
Eu me pus a me dizer
Lá a seca castigava mas o pouco que eu plantava
Tinha direito a comer

Resposta do menino do Jaboatão: Dói mesmo, a única coisa que não dói é estar na minha casa, mesmo sendo um barraco, sem o título de posse que em mais de 4 anos ainda não foi entregue, mais o pouco que temos com muito esforço do meu pai está dando pra viver.

Bem, o resto do discurso foi verdade, também, o Prefeito daí pra frente estava comandado por Deus.

Tá vendo aquela igreja moço?

Onde o padre diz amém
Pus o sino e o badalo
Enchi minha mão de calo
Lá eu trabalhei também
Lá sim valeu a pena
Tem quermesse, tem novena
E o padre me deixa entrar
Foi lá que cristo me disse
Rapaz deixe de tolice
Não se deixe amedrontar

Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar
Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar

Fui eu quem criou a terra
Enchi o rio fiz a serra
Não deixei nada faltar

Hoje o homem criou asas
E na maioria das casas
Eu também não posso entrar