Setenta e
duas horas. Este foi o prazo inicial que a Prefeitura de Jaboatão deu para que
os cerca de 40 comerciantes de aves da feira de Jaboatão Centro adequassem as
suas atividades ao decreto municipal nº 041/2012 publicado no Diário Oficial no
dia 23 de março deste ano. De acordo com o documento, ficam expressamente
proibidos a criação e o abate de animais de quaisquer portes, nas áreas de
abrangência dos mercados públicos. Depois de diversas reuniões, o prazo foi
prorrogado até o próximo dia 20, mas os proprietários dos estabelecimentos
garantem que o período determinado é muito curto e que terão que fechar as
portas.
Vendendo ovos e frangos há 35 anos no mesmo local,
Severino Edmílson da Silva, filho do Biu Madrinha (comerciante mais antigo no
ramo), mostra-se revoltado quando o assunto é o tratamento dispensado pela
administração municipal. Segundo ele, em 2010, a Prefeitura realizou o I Curso
no Nordeste de Capacitação de Boas Práticas – Manuseio de Carne de Aves nos
Pontos de Venda. Na ocasião, os comerciantes receberam orientações para
adaptação da estrutura dos estabelecimentos, mas não foram informados em
momento algum sobre a proibição do abate das aves. “A conversa sempre foi para
que reformássemos nossos boxes. Colocamos cerâmica no piso, nas paredes e no
balcão, PVC no teto, mas nunca disseram que teríamos que deixar de vender o
nosso produto. Agora, vejo a atividade, que sustenta várias gerações da
família, ameaçada de acabar de um dia para o outro”, desabafou. Severino ainda
ressaltou que na reforma, recomendada pela atual gestão, gastou aproximadamente
R$ 6 mil.
Instalado no box 28-B, Eduardo Barbosa também está
preocupado com a situação. “Mesmo que a gente forme uma cooperativa não teremos
o dinheiro suficiente para atender todas as exigências. A Prefeitura deveria
ter nos orientado desde o início. Precisamos de capacitação, ajuda, tempo, mas
não é nos oferecido coisa alguma. Até na reunião que foi marcada, o secretário
de Serviços Urbanos e Infraestrutura, Evandro Avellar, não compareceu. Não
temos condições de resolver isso com esse prazo tão curto e sem ajuda”,
destacou.
Cliente do box 32 há quatro anos, a dona de casa
Célia Maria não concorda com a retirada do comércio de aves do local. “Aqui é
perto de casa, bem mais barato e a gente conhece todo mundo. Além de poder
levar para casa um frango abatido na hora”, disse. O dono da loja, Hélio Moura,
contou que alguns clientes já se ofereceram para criar um abaixo-assinado a
favor dos comerciantes. Ele afirma que o desejo dos vendedores é que a
Prefeitura de Jaboatão disponibilize um abatedouro público e prorrogue o prazo
para o cumprimento de todas as exigências do decreto municipal. “Não
discordamos que a feira precisa de organização, mas não podemos ficar
desempregados de repente. O que vai acontecer com as nossas famílias? E com as
famílias dos nossos empregados? Temos nossos compromissos e isso também precisa
ser levado em conta”, afirmou.
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Um 2012 repleto de realizações