Policiais Federais de Pernambuco participam
de um protesto contra o Governo Federal, nesta quarta-feira, 21, a partir das
09horas, na Superintendência da Polícia Federal em Recife e Delegacias
Federais, em Caruaru e Salgueiro. O quantitativo atual de Escrivães,
Papiloscopistas e Agentes de Polícia Federal em Pernambuco é de 251 servidores.
A concentração terá início com um café da
manhã que ocorrerá simultaneamente no pátio dessas unidades, seguido de uma
caminhada com faixas e distribuição de panfletos de conscientização da
população. No Recife, a caminhada seguirá para a Assembleia Legislativa de
Pernambuco - ALEPE, para reunião com deputados estaduais.
O intuito do movimento é obter o
reconhecimento e valorização da Categoria. Os Policiais Federais vem sofrendo
com o descaso da Direção Geral do DPF e do Governo Federal em reconhecer os
direitos assegurados pela lei e pela Constituição, tais como o de terem seus
cargos dotados de atribuições definidas em lei e enquadrados como nível
superior e com remuneração condizente com a complexidade e exigências das
atividades desempenhadas, próprias das carreiras típicas de Estado.
“A nossa luta é pela valorização de
nossos cargos à semelhança do que ocorre com outros das carreiras típicas de
Estado, como os auditores da Receita Federal e servidores da Agência
Brasileira de Inteligência (Abin), pois realizamos um trabalho importante no
combate à sonegação, à corrupção, aos crimes do colarinho branco, dentre outros
tão relevantes quanto aqueles realizados por outras entidades, e ainda o
fazemos de forma ostensiva, indo para a frente de combate, arriscando as nossas
vidas”, considera o Presidente do Sindicato dos Policiais Federais de
Pernambuco, Marcelo Pires.
Os cargos de Escrivães, Papiloscopistas e
Agentes de Polícia Federal são classificados como de nível superior há 16 anos,
desde a edição da Lei nº 9.266/96, porém as atribuições desses cargos não foram
descritas em nenhuma lei, somente em uma Portaria do Ministério da Justiça,
considerada inconstitucional. Os concursos para provimento desses cargos, desde
então, vem sendo cada vez mais rígidos, buscando selecionar os melhores
profissionais de nível superior, diante da importância que esses cargos
representam para a segurança pública nacional.
A formação universitária para todos os
policiais federais representou um avanço para a Polícia Federal brasileira,
cujo modelo foi inspirado no FBI (Federal Bureau of Investigation), a Polícia
Federal americana. O objetivo era juntar investigação e formação científica do
policial, com o desenvolvimento da inteligência policial e da análise criminal,
como novo método de investigação científica no Brasil.
Porém, com as grandes operações contra a
corrupção na última década, se por um lado a atuação da Polícia Federal
conquistou a população, por outro abalou setores do Governo, que nos últimos
oito anos deu início a um processo silencioso de desvalorização do policial
federal em relação às demais carreiras federais.
Fica evidente que outras medidas do Governo
Federal visam enfraquecer a Instituição, como o corte de recursos para o
custeio de suas atividades básicas de manutenção e operacionais, desaparelhando
o órgão até de seus equipamentos básicos, como helicópteros e aeronaves, que
vem sendo doados sob alegação de falta de verbas para manutenção, valores esses
que o próprio governo não repassa ao órgão. Como exemplo, a Polícia Federal não
dispõe mais do helicóptero que fazia o imprescindível trabalho de combate ao
tráfico de entorpecentes no Polígono da Maconha, no Sertão Pernambucano.
“É estranho um Governo destruir a própria
instituição policial que a Constituição criou para proteger o Estado
brasileiro. Um Governo sério e comprometido com a legalidade, a moralidade e o
interesse público valoriza a instituição que tem por missão resguardar a lei e
a ordem do País”, assevera Marcelo Pires.
Ignorados pela Direção Geral do órgão, os
Policiais Federais passaram a tratar essas questões diretamente com o Governo
Federal, através do Ministério da Justiça e Ministério do Planejamento, “porém
há mais de três anos estamos mantendo diálogos para o reconhecimento desses
direitos, até agora tratados com descaso pelo Governo”, explica Marcelo Pires.
Os Policiais Federais passam por um arroxo
salarial histórico, estando sem qualquer reajuste há quase cinco anos. Em 2012
permaneceram 71 dias de greve e posteriormente voltaram a sentar à mesa de
negociações e ainda se comprometeram a não realizar paralisações durante a Copa
das Confederações e durante a visita do papa Francisco ao Brasil, como demonstração
de respeito e compromisso com a sociedade.
Além da Reestruturação de Cargos, os
Policiais Federais reivindicam ainda a reformulação da investigação criminal; o
fim do assédio moral na corporação e melhorias no ambiente organizacional e nas
condições de trabalho, diante do reduzido efetivo de Policiais do órgão.
Manifestações Nacionais - As
manifestações dos Policiais Federais vêm ocorrendo em vários Estados
brasileiros, desde o dia 19 de agosto, seguindo uma agenda política
progressiva com greves e manifestações públicas. Nos Estados de Goiás,
Alagoas, Piauí e o Distrito Federal foi decretada greve nos dias 19 e 20. Em
São Paulo o movimento ganhou as ruas e outros Estados como Minas Gerais e Acre
também farão mobilizações a partir de hoje(21).
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Um 2012 repleto de realizações